Na última semana, o mercado de Cloud Computing foi surpreendido pela informação que um grande cliente governamental e principal empresa de tecnologia do governo brasileiro - o SERPRO - está alterando suas diretrizes de contratação com grandes fornecedores de nuvem como AmazonWS, IBM, Oracle, Google Cloud e Microsoft Azure para concentrar serviços em seus próprios data centers.
A ideia do SERPRO é criar uma "Nuvem de Governo" que seja soberana e posicione o Brasil como a única nação no hemisfério Sul com uma nuvem totalmente controlada em território nacional.
Este movimento reverte a tendência de parcerias com as gigantes do setor estabelecidas desde 2018, marcando um retorno à política de data centers On-Premises e é um reflexo da portaria 5.950 pelo Ministério da Gestão em outubro de 2023, que prioriza a localização dos dados como uma questão de segurança nacional.
Para a comercialização de sistemas computacionais na nuvem ao governo federal, grandes players como AmazonWS, Microsoft Azure, IBM, Oracle e Google Cloud se comprometeram e criaram estruturas localizadas no Brasil de forma a cumprir a legislação vigente mas agora estão ganhando um novo competidor que, de início, tem cerca de 250 clientes (ou órgãos sobre gestão) do CCSISP, que é a Comissão de Coordenação do Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação do Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos do Governo Federal.
O meu objetivo ao escrever este artigo não é analisar se a opção Cloud é melhor que On-Premises ou se o investimento de uma modalidade ou de outra é maior ou menor de acordo com o gosto de cada profissional de TIC. A ideia é mostrar que não existe uma verdade absoluta neste quesito e que a solução para determinados problemas pode ser em uma infraestrutura local ou em uma infraestrutura na Nuvem.
Problema de escala em Sistemas Computacionais
A escala é uma questão complexa que se refere à capacidade de um sistema de se adaptar e gerenciar eficientemente um crescimento substancial em carga de trabalho ou tamanho, sem perder desempenho ou funcionalidade.
Um exemplo clássico são os servidores da Receita Federal que recebem mais requisições durante a declaração de Imposto de Renda pessoa física - apenas entre 15 de março e 31 de maio de 2023, 41 milhões de contribuintes submeteram suas declarações - do que no resto do ano todo. A capacidade da infraestrutura tem que estar ajustada a este pico de requisições, e não adianta tentar ajustar a demanda pois na última semana - e em cima do prazo legal - uma grande quantidade de contribuintes vai querer prestar contas ao Leão.
Neste cenário parece mais conveniente usar os grandes provedores de soluções na nuvem, uma vez que eles têm a capacidade de aumentar ou diminuir o poder computacional das instâncias de clientes On-Demand, fazendo com que a experiência do usuário não seja prejudicada e que os custos adicionais sejam pontuais ao evento.
Ao usar On-Premises, a estrutura deve ser dimensionada para o pico de requisições, e o custo total do sistema ficará mais elevado, visto que a demanda não é regular e distribuída durante o ano. Mais poder computacional requer mais CPUs, refrigeração, manutenção, backbones de conexão, etc.
A Cibersegurança dos dados Governamentais
É um fato que sistemas On-Premises oferecem um controle mais direto sobre a cibersegurança e isto pode ser crucial quando falamos de dados governamentais. Empresas e organizações podem personalizar suas medidas de segurança para atender a requisitos específicos e manter uma vigilância constante sobre suas operações, sem depender de terceiros.
A cibersegurança é maximizada ao manter os dados dentro das fronteiras do país, eliminando riscos associados à transferência internacional de dados. Imagine um caso extremo onde a infraestrutura governamental brasileira, com todos os dados e informações dos cidadãos, está hospedada em um outro país que, por motivos geopolíticos, se torna inimigo do Brasil. O primeiro ataque seria diretamente nos dados dos cidadãos e pode culminar em um apagão geral do governo.
Uma aplicação nunca é igual a outra
A grande vantagem de manter sistemas On-Premises é poder otimizar as aplicações que rodam no sistema computacional de forma otimizada. Algumas aplicações, especialmente aquelas que exigem latências extremamente baixas ou têm requisitos de processamento de dados altamente específicos, podem se beneficiar significativamente da estrutura ajustada exatamente a sua necessidade.
A virtualização é um método interessante para economizar recursos, usando o máximo das CPUs de um único computador. Contudo, algumas aplicações necessitam de computadores do tipo “Bare Metal” que são servidores físicos que não compartilham seus recursos com outros usuários ou serviços. Com esta configuração, podemos proporcionar ao usuário ou aplicação o controle total sobre os recursos do hardware, o que pode resultar em um desempenho superior e maior eficiência.
Caso do SERPRO - O conhecimento da causa
A decisão do Serpro de migrar para uma nuvem governamental soberana destaca um movimento em direção à maximização da cibersegurança e da soberania de dados. Ao concentrar os sistemas em data centers próprios e garantir a total conformidade com as regulamentações nacionais, o Serpro está priorizando o controle total sobre a infraestrutura crítica de dados.
Como os projetos de nuvem do governo federal datam de 4 ou 5 anos atrás e o SERPRO atuou principalmente como Broker na compra de capacidade de sistema de nuvem, ele tem uma visão ampla do que é comprado e o valor que é pago para cada um dos fornecedores, podendo ajustar a sua infraestrutura e modular os valores a serem cobrados dos clientes da "Nuvem Soberana” brasileira.
Resta saber se o SERPRO tem o orçamento necessário para a construção e manutenção dos datacenters com redundância e alta disponibilidade, pensando nas implicações como licenciamento de softwares, conectividade com os provedores de acesso a internet, sistemas de gerenciamento de energia e refrigeração de datacenter e, principalmente quando se trata de um órgão público, mão de obra especializada e motivada para criar e manter estruturas complexas e sempre disponíveis para os usuários.
E na sua casa, como é?
Na Winco Sistemas adotamos majoritariamente a nuvem como infraestrutura, que facilita certificações como a ISO 27001 e respeitam o Marco Civil da Internet e a LGPD. Dentre os provedores, para cada solução, usamos AmazonWS, Google Cloud e até UOLHost. Devidamente ajustados para o melhor desempenho e custo benefício.
E é claro, temos aplicações On-Premises, devidamente protegidas pelo Winco Firewall e com acesso exclusivo através da Winco VPN Cloud.
Ou seja, um mix de soluções que atendem propósitos específicos, que melhor suporta nossa necessidade de escala, especificidade de aplicações e segurança cibernética.
Deixe um comentário aqui para saber o que você acha deste movimento do SERPRO e como a sua empresa lida com os desafios de computação em nuvem e On-Premises no dia a dia.
WINCO SISTEMAS
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